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Passagens é uma investigação empírica na qual exploro as ideias e sintomas associados a estados de impermanência e vulnerabilidade, e também a forma como eles se relacionam com a incerteza dos nossos tempos, à medida que sentimentos e perceções se tornam gradualmente menos sólidos e se desenvolvem na direção de um estado mais «líquido» e indeterminado. Representando figuras anónimas no seu entorno urbano, a minha pesquisa não segue um ideal realista, mas procura uma espécie de representação etérea que rompe a fronteira entre documentação objetiva e representação subjetiva. As imagens são transformadas no momento da captura, equilibrando o desejo de registar a informação e a vontade de a apagar. Cada fotografia é um testemunho da dissolução percetiva que está implícita nesse momento de transição entre o material e o imaterial, uma lembrança da indeterminação do nosso próprio ser. Em Passagens, pretendo registar os preconceitos que moldam e abrigam o espaço (de outra forma) indefinido de quem somos e de como nos governamos hoje, no alvorecer de uma era pós-moderna que promete inaugurar um novo tipo de cidadão, ainda por vir.